Desencontro: ato de não estar no lugar combinado ou previsto; desacerto. 10 palavras que não cabem a dor de milhares de famílias. Quando começamos esse trabalho, nos deparamos com uma situação precária. Sem aparelho específico para tratar
dessas ocorrências no Ceará, somente depois de muitas ligações, e-mails enviados a diversos órgãos e mais de 30 dias de espera, alguns poucos dados chegaram até nós.
Enquanto isso, as famílias sofrem com a falta de informação, falta de acesso à meios de investigação e instituições de apoio e a necessidade de seguir com a vida e o trabalho. A partir daí, estava posto nosso desafio: relatar uma realidade sem dados e contar histórias emocionantes com a dignidade merecida e, através do apurado, tentar diminuir a falta de informação que existe a respeito do tema, principalmente para a população de baixa renda.
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Na narrativa construída com “A Perda”, “A Busca” e “O Reencontro”, cada personagem
evocou um sentimento em comum: a esperança. E foi este sentimento que nos trouxe até aqui.
Esperança de que os desaparecimentos não seja mais um “sumiu, acabou”, de que “a história que
não teve um fim” tenha um desfecho, de que o Estado seja procurado e de que suas medidas não
sejam mais consideradas como algo que “não adianta”.
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Assim, fazemos as palavras do rapper Emicida, na música Chapa, as nossas:
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Desde que cê sumiu...
Mal posso esperar o dia de ver você
Voltando pra gente
Sua voz avisar, o portão bater
Você com um riso contente
Vai ser tão bom, tipo São João
Vai ser tão bom, que nem reveillon
Vai ser tão bom, Cosme e Damião
Vai ser tão bom, bom, bom
Chapa, desde que cê sumiu
Todo dia alguém pergunta de você
Onde ele foi? Mudou? Morreu? Casou?
Tá preso, se internou, é memo? Por quê?